terça-feira, 3 de abril de 2012

RELEVÂNCIA DA FORMAÇÃO TEOLÓGICA NO PREPARO DE LÍDERES DA IGREJA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

O homem prudente busca o conhecimento”.
(Provérbios 13.16a)


A educação cristã tem sua importância fundamentada na própria história do povo de Deus desde os primórdios da criação. No Jardim do Éden Deus instruiu a Adão e Eva quanto ao propósito de cultivar e cuidarem do jardim: “Coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, por que no dia em que dela comer, certamente morrerá” (Gn 2.16-17).

Assim prossegue por todo o contexto do Antigo Testamento, de que o plano fundamental de Deus sempre foi o de que a educação do seu povo deveria acontecer, desde o contexto familiar (Ex 12.26,27; Dt 4.9,10; 6.4-7; 11.18,19 etc), e se estendendo para o nível comunitário (2 Cr 17. 9).
"Ouça ó Israel: O SENHOR, o nosso Deus, é o único SENHOR. Ame o SENHOR, o seu Deus, de todo o seu coração, e toda a sua alma e de todas as suas forças. Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar". (Dt 6.4-7 – NVI)

Moisés, após quarenta dias e quarenta noites sem comer pão e beber água, recebeu as palavras da aliança, desceu do monte Sinai e transmitiu aos israelitas os mandamentos que o Senhor tinha lhe dado (Ex 34.28,32).
O rei Davi, poeta e músico, também soube dar a devida importância quanto ao ensino da Palavra de Deus para sua vida quando pediu por diversas vezes que o próprio Deus lhe ensina-se os seus mandamentos: “Ensina-me, Senhor, o caminho dos teus decretos, e a eles obedecerei até o fim” (Sl 139.33 – NVI).
Quando nos transportamos para o Novo Testamento também encontramos em diversos contextos a importância da formação teológica dos discípulos, bem como do próprio Jesus, que crescia em conhecimento e graça diante de Deus e dos homens (Lc 2.52).

Em um dado momento, estando Jesus a ensinar os seus discípulos, lhes advertiu quanto à importância de estarem preparados e bem instruídos quanto à vontade de Deus: “Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois no buraco? O discípulo não está acima de seu mestre, mas todo aquele que for bem preparado será como o seu mestre” (Lc 6.39-40 – NVI).

Em seu livro Treinando Obreiros, Craig Ott apresenta a didática de Jesus aplicado à formação dos discípulos. Ele destaca de forma especial a flexibilidade de Jesus e a sua capacidade de adaptar sua metodologia a situações específicas. Craig Ott cita em especial que Jesus tinha sua didática (1) orientada pela situação, (2) a ênfase voltada para o discípulo, (3) o conteúdo fácil de ser lembrado, (4) ele usava diferentes mídias, (5) promovia a reflexão e (6) exigia de seus discípulos uma resposta prática.

Já no contexto da igreja primitiva, o apóstolo Paulo também deu demasiada importância quanto ao ensino e formação cristã, a semelhança de Jesus. Nas viagens missionárias realizadas, sempre expôs as Escrituras de forma eloqüente e sistemática, visando à conversão dos gentios e a edificação dos crentes. Quando escreveu a Timóteo, a este escrevia ensinando e recomendava-o instruir a outros: “Se você transmitir essas instruções aos irmãos, será um bom ministro de Cristo Jesus, nutrido com as verdades da fé e da boa doutrina que tem seguido” (1 Tm 4.6).

Num outro contexto, Paulo exorta novamente a Timóteo para a prática do ensino: “E as palavras que me ouviu dizer na presença de muitas testemunhas, confie-as a homens fiéis que sejam também capazes de ensinar outros” (2 Tm 2.2).

A história da igreja também demonstra a importância da formação teológica e o que acontece quando o mesmo é negligenciado. As palavras de Lutero demonstram os resultados na vida de toda a cristandade quando a estes lhe é tirado a formação teológica pura e simples:
"Sob o tema sacerdócio ninguém entende outra coisa senão os “celebradores” e aqueles que estão a serviço do sacrilégio inútil. E a não ser que se passe de largo por esses usos e costumes sem valor e te agarres de olhos bem abertos somente às Escrituras, não superarás esse escândalo"[1].

Podemos observar que toda a história da humanidade é desenvolvida em meio a diversos ideais filosóficos e religiosos. A igreja inevitavelmente não está livre de sofrer influências destrutivas destes movimentos ideológicos e paradigmáticos em todos os tempos. Muitos cristãos são levados a mudar seus conceitos quanto ao entendimento da doutrina de Deus e da salvação, sendo assim, sempre se faz necessários a constante formação de líderes que por sua vez possam instruir aos outros cristãos em geral.

Segundo Schwarz (2001, p.50), Martim Lutero atribuiu ‘os efeitos destrutivos do Escolasticismo[2] na Idade Média como sendo uma mistura de teologia e metafísica aristotélica’. Dentro daquele ‘mundo’ as pessoas cristãs viviam, pensavam e falavam conforme padrões que diferem totalmente da cosmovisão bíblica. O problema é que as decisões com raízes históricas haviam sido transformadas em dogmas e depois canonizadas litúrgica e legalmente pela igreja. Um exemplo disso é que a vivência cristã no século XVI tinha sua mentalidade eclesiástica presa a diversos paradigmas equivocados da Palavra de Deus.

Em nosso tempo, em pleno século XXI, a formação e o preparo de líderes cristãos continuam tão quanto ou mais importante devido as grandes mudanças em todos os âmbitos e ciências afins. O preparo de líderes no contexto brasileiro justamente tem sua importância devido a diversas influências culturais, históricas e religiosas.

Em sua matéria A Alma Católica dos Evangélicos no Brasil, o pastor Augustus Nicodemus Lopes enfatiza a influência da cosmovisão Católica Romano no contexto evangélico brasileiro atual. Ele aponta que por séculos, o Catolicismo formou a mentalidade brasileira a sua maneira de ver o mundo ("cosmovisão"). Quando ele destaca tal influência dizendo crer que grande parte dos evangélicos no Brasil tem a alma católica, ele justifica tal crença em alguns aspectos através destes itens: (1) O gosto por bispos e apóstolos; (2) A idéia que pastores são mediadores entre Deus e os homens; (3) O misticismo supersticioso no apego a objetos sagrados; (4) A separação entre sagrado e profano; e, (5) Somente pecados sexuais são realmente graves.

Ainda, para uma melhor compreensão, reflita sobre à visão e compreensão que o pastor Augustus Nicodemus Lopes dos evangélicos tem sobre o tema "Alma Católica dos Evangélicos Brasileiros":
"Quando vejo o retorno de grandes massas ditas evangélicas às práticas medievais católicas de usar no culto a Deus objetos ungidos e consagrados, procurando para si bispos e apóstolos, imersos em práticas supersticiosas, me pergunto se, ao final das contas, o neopentecostalismo brasileiro não é, na verdade, um filho da Igreja Católica medieval, uma forma de neo-catolicismo tardio que surge e cresce em nosso país onde até os evangélicos têm alma católica".

Como é possível perceber, a importância da formação teológica se dá diante destes aspectos mencionados acima, pois assim como a história do povo de Deus e de toda a história da igreja foi e é marcado por ensino, sempre vamos necessitar de liderança preparada teologicamente, que pense, ensine e pregue todos os desígnios de Deus de forma fiel (teologicamente) e contextual (culturalmente).

Diante de tantos movimentos e religiões pseudocristãs, dos desafios modernos quanto à liderança cristã, da mudança cultural, pregações superficiais, entretenimento e show gospel, a falta de parâmetros éticos e morais entre outros, precisamos como igreja cristã preservar a prática de uma formação teológica relevante junto à liderança cristã brasileira. Precisamos de líderes que, nas palavras de Júlio Zabatiero, tenham toda convicção que ‘o tempo investido para pensar e fazer teologia será um dos tempos mais bem gastos no ministério’.

Decida buscar o conhecimento de Deus. Invista na sua formação teologica cursando uma Faculdade de Teologia. Busque estudar por meio da internet (Ensino a Distância). Participe de Seminários ou Conferências. Forme uma biblioteca completa de livros teológicos escritos por escritores respeitáveis.

REFERÊNCIAS
Bíblia. Português. Nova Versão Internacional. Trad. Sociedade Bíblica Internacional. São Paulo: Editora Vida, 2000.
LOPES, Augustus Nicodemos. Revista Fé para Hoje. Artigo: A Alma Católica dos Evangélicos no Brasil. Editora Fiel: nº 30, 2007.
LUTERO. Martim. Como Instituir Ministros na Igreja. Obras Selecionadas VI 07. São Leopoldo, Sinodal, 2000.
OTT, Craig. Treinando Obreiros. Curitiba: Editora Esperança, 2004.
SCHWARZ, Christian A. Mudança de paradigma na Igreja. Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 2001.
STEVENS, R. Paul. Os Outros Seis Dias. Viçosa: Ultimato, 2005.
ZABATIERO, Júlio. A missão da teologia na vida de líderes e ministros do Evangelho. Disponível em: http://www.teologiabrasileira.com.br/Materia.asp?MateriaID=126. Acesso em: 14 jul. 2008.
[1] Lutero. Martim. Como Instituir Ministros na Igreja. Obras Selecionadas VI 07. São Leopoldo, Sinodal, 2000.
[2] O escolasticismo é compreendido pelo modelo acadêmico aristotélico de pensar (adotado nas universidades independentes a partir do século XII), que visa demonstrar o conhecimento racional e ordená-lo por sua própria causa (STEVENS, 2005, p. 19,216).

Um comentário:

  1. Meu maior prazer é conhecer mais e mais o DEUS que É Vivo e meu Senhor e Salvador de minha alma. Que este Deus abençoe todos os homens que apesar de tanta destruição com a família ainda prezam o seu caráter como homens de Deus aprovados e que manejam A Palavra do Deus Vivo. Que Deus Em Cristo Jesus abençoe todos esses homens hoje e sempre, Amem.

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